Adie julgamentos
Adie julgamentos
Adie o julgamento – de nós mesmos e dos outros.
Um pensador crítico com um olho perspicaz para erros – soa familiar? Sim, os profissionais jurídicos são mestres em analisar grandes quantidades de fatos e identificar rapidamente desafios, barreiras e erros. São habilidades como essas que tornam os advogados proficientes em suas funções. No entanto, é essa mesma habilidade – o olhar crítico – que pode limitar a exploração de horizontes mais amplos e novas ideias. Por quê? Porque a ação padrão desse modelo mental é mitigar o risco. Advogados tendem a racionalizar as armadilhas de uma ideia para reduzir o risco. Por causa dessa tendência, descobrimos que muitas ideias em ecossistemas jurídicos são frequentemente descartadas antes mesmo de terem a chance de incubar e florescer.
Ambientes jurídicos clássicos não estimulam a criatividade
A maioria dos advogados trabalha em ambientes jurídicos tradicionais. Nesses espaços tradicionais, normalmente encontramos um certo medo do fracasso que está firmemente ancorado no DNA de seus integrantes. Isso está associado à ideologia de mitigar o risco e evitá-lo sempre que possível. Uma das principais razões para a aversão ao risco decorre do condicionamento encontrado na educação jurídica e do treinamento nas universidades. As soluções jurídicas devem ser perfeitas e compatíveis com as respectivas leis – e, de fato, é para tal precisão que os advogados são pagos. Soluções imprecisas têm um alto custo e consequências graves, como responsabilidade individual ou empresarial. Para evitar responsabilização, advogados procuram criar soluções inequívocas. Isso é necessário para (na melhor das hipóteses) garantir a segurança jurídica. Mais uma vez, é para isso que os advogados são pagos.
Vindo de tal experiência, entendemos por que advogados geralmente temem soluções imperfeitas. A ideia de aceitar o fracasso como uma ferramenta de aprendizado é, portanto, um conceito bastante desconfortável nos ecossistemas jurídicos. É importante reduzir o julgamento de si mesmo e dos outros para entender o que o legal design – como método de tentativa e erro – significa para advogados.
Além disso, é particularmente difícil compartilhar seu eu criativo em um ambiente em que você sabe que sua ideia será submetida a um exame minucioso. Como consequência, muitos ecossistemas jurídicos tendem a se tornar lugares onde as ideias não são compartilhadas por medo de julgamento. O legal design exige que nos afastemos dessa cultura de justificação e julgamento e, em vez disso, deixemos pensamentos, sugestões e recomendações de soluções fluírem livremente desde o início. Para fazer isso, é essencial adiar o julgamento – não apenas dos outros, mas também de si mesmo.
Lembre-se:
Se usar de alguma maneira nosso texto ou parte dele, você deve citar como fonte
The Legal Design Book e nós, as autoras, Meera Klemola e Astrid Kohlmeier.
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Tradução por Isabela Godoy
Uma nova perspectiva sobre as profissões jurídicas
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